sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Carão de Modelo

Se não é o cabelo liso que te faz uma modelo, não é um nariz a la Bündchen (tá, talvez até seja a altura e o peso, mas esqueça isso por enquanto), não é um olho azul, o que faz uma modelo? Detalhe: elas são sempre tão novas (não sei, 15, 16, estourando 24) e parecem que já conhecem o mundo e as pessoas, podem falar sobre o querem, mas não falam porque bacana mesmo é fazer carão. Enfim, o que faz uma modelo? Daquelas que você acredita que é modelo é o carão! Uma altivez, uma sensação que ela nos passa de que é melhor (?) que a gente? talvez não tanto, mas mais gata e desejada sim... e tudo que vem com isso... dinheiro, popularidade, mas, na verdade, isso só pode parecer, transparecer no carão! Recentemente, eu li uma dissertação de mestrado intitulada Mulher, sedução e consumo: representações do feminino nos anúncios publicitários, da Andiara Pedroso Petterle (que está livre para download é só jogar no google) que analisava a imagem da mulher nos anúncios de perfumes importados, o que as mulheres pensavam dessas mulheres. Realmente, muito legal. Como eu adoro citações, algumas não saíram da minha cabeça, uma delas é a definição do já conhecido carão:

"É necessário confessarmos: durante muito tempo ficamos perplexos perante o espetáculo da petrificação altiva, tantas vezes reproduzida, dessas criaturas misteriosas. Quer cigana, quer vahiné polinesiana, bailadeira indiana ou empresária de fato ou calças, envergando um vestido de noite de festa ou uma indumentária de "clochard" de luxo, através da multiplicidade de todas as modas, é sempre o mesmo ser imutável que é representado; personagem hierática, alheia a qualquer agitação, convulsão ou frêmito, levitando, tal as divindades do Extremo-Oriente, no estado de uma 'apatia' bem-aventurada, na qual é impossível distinguir a plenitude da vacuidade." (Michel, Les aventures de l'éternel féminin ou quelques parcours dans les représentations publicitaires de la femme, na dissertação da Andiara que é realmente ótima)

ah, não vou botar nenhuma imagem, dêem uma olhada na Olympia porque ela é o maior exemplo de carão!

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Manual da Sabedoria II


Sobre a beleza:

"Jamais Madame Bovary fora tão bela como naquela época; possuía a indefinível beleza que resulta da satisfação, do entusiasmo, do êxito e que nada é senão a harmonia do temperamento com as circunstâncias" (Madame Bovary. Gustave Flaubert)

Sobre a atração:

"O espírito é desesperadamente atraído pelo que não é intelectual, mas pelo que é vivo e belo na sua estupidez". (As confissões de Félix Krull, Thomas Mann)

Sobre o amor:

"Não se pode receber sem dar prazer, que cada gesto, cada carícia, cada aspecto, cada parte do corpo esconde em si um segredo, cuja descoberta causará delícia a quem a fizer. Dela aprendia Sidarta que os amantes não devem separar-se após a festa do amor, sem que um parceiro sinta admiração do outro; sem que ambos sejam vencedores tanto como vencidos; de maneira que em nenhum dos dois possa surgir a sensação de enfado ou de vazio e ainda menos a sensação desagradável de terem-se maltratado mutuamente." (Sidarta, Hermann Hesse)

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Manual da Sabedoria

Para que o conhecimento se ele de nada te serve?
Como te servir se tu esqueces?
Pensando nisso, comecei a escrever há alguns anos um caderno com citações que eu jurava que ajudariam a viver melhor. Eu também parei de escrever há alguns anos. Mas, o que foi escritoeu nunca mais esqueci:

Sobre presentes:

"Você vê como eles correm de encontro aos meus desejos, como eles procuram a ocasião para estas pequenas finezas de amizade, mil vezes mais preciosas do que os presentes suntuosos com os quais a vaidade do doador procura humilhar-nos" (Werther, Goethe)

Sobre o pecado:

"A única coisa que se demonstrou realmente é que nosso porvir poderia ser igual ao nosso passado, e que o pecado que cometemos uma vez, com repugnância, cometê-lo-íamos muitas vezes mais, com satisfação" (O retrato de Dorian Gray, Oscar Wilde)

Sobre a moral:

" - Ah! é que existem duas espécies de moral - replicou o rapaz [Rodolfo Boulanger] - A pequena, convencional, que é dos homens, aquela que varia incessantemente e que clama com toda a força, agita-se embaixo, terra a terra, como aquele ajuntamento de imbecis que a amiga está vendo. E a outra, a eterna, essa a que tudo sobrepuja e paira acima de tudo, como a paisagem que nos circunda e o céu que nos ilumina" (Madame Bovary, Gustave Flaubert)

sábado, 15 de agosto de 2009

Estavam os frankfurtianos errados?

A despeito de certos discursos parecerem datados, frases que hoje não podem ser ditas sem soarem ridículas, algumas coisas ficam para sempre ou, pelo menos, deveriam ficar. Cadê os frankfurtianos, por que a gente não aprende sobre eles na escola? O mundo que eles descreveram ainda existe. Da sociedade capitalista, da sociedade de consumo, ou acabou e é outra coisa? Por acaso, isso ainda não vale?

1) Você só pensa em consumir e sim, isso te deixa mais burro:

"(...) na perspectiva de uma vida consagrada em primeiro lugar ao consumo, mas que acarreta por outro lado uma redução notável da intensidade e da amplidão da vida psíquica e intelectual dos homens, da qual se retira toda participação nas decisões fundamentais e cujas preocupações e comportamento se reduzem cada vez mais aos dois aspectos de um único e mesmo painel: a execução das decisões tomadas alhures e por outros, e o consumo das rendas obtidas pela aceitação desse estatuto." (Lucien Goldmann sobre Marcuse)