sexta-feira, 31 de julho de 2009

Olympia (quanto tempo você é capaz de só pensar nela?)


Adoro as comparações entre obras de arte e pessoas, principalmente, quando incentiva a tolerância. Você começa a explicar que, a despeito das opiniões de "odeio", "é feio demais", "não tem sentido", para alguém, nem que seja só mesmo um alguém, se para alguém, a obra de arte e a pessoa fazem todo o sentido do mundo é justo e conveniente deixarmos lá para que esse alguém a desfrute. Comparemos, o que disseram à época de sua exposição sobre Olympia: que não prestava, que não era arte, enfim, tudo de ruim e o que era Olympia para seu criador Manet: simplesmente tudo. Hoje, para quem não sabe, ela está no Louvre e todo mundo adora, ok mas nem tudo vai ficar no Louvre, mas a questão não é aguardar o dia da virada, é porque desde já para alguém faz sentido, para começo de conversa, o próprio criador. Então, não se destrói a obra de arte, não se fala tão mal (?), assim se deve proceder com as pessoas, se não faz sentido para você, não tem problema, porque há de fazer para alguém. O bom e velho live and let live ! Em contrapartida, já que pessoas são como as obras de arte, devo prostrar-me aqui de novo esperar que a "mirada" de alguém dê sentido a minha vida? Às vezes, sofro dessa vaidade, de achar que estou numa big exposição quando vou a rua, e se não alguém não me nota, penso logo: é porque eles prefeririam um esboço de um retratista vulgar e eu estou mais para um Mondrian. Voltando, são as pessoas obras de arte esperando que alguém dê sentido a elas? Já que falei em elas,,, são, ao menos, as mulheres? Porque depois de um certo tempo, curto se está numa exposição ou mais longo, mas não maior que a própria vida, você sabe e sente que precisa ver outras obras. Olympia está no Louvre, mas também está Monalisa, coisa e tal. Imagina Olympia sentido raiva de Monalisa, ou das pessoas que deixam de olhá-la para ver outras obras. O problema não é Olympia, não é nada, não existe problema. Só é chato quando a mirada do outro que faz lembrar para alguns por que existem muda para um outro (a); e quando o interesse do então vislumbrado termina.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

sobre a revista feminina


Fiquei com vontade de escrever mais sobre a Heloneida e enfim, aquela temática. Achei que poderia informar algo que aprendi recentemente sobre as revistas femininas no Brasil. Elas surgiram nos anos 20 e com o passar dos anos foram se "modernizando". Nos anos 40, já havia diminuído o espaço dedicado a literatura e aumentado o espaço das fotografias, que nessa época eram de artistas de filmes norte-americanos. Também começou por essa data, os testes de personalidade, aquele que diz você é atrevida na cama se marcar mais a letra b. E, também, nesse momento, falo até pelo menos, os anos 50, não havia mundo fora do lar, o mundo era o seu mundo. Tão existencialista, tão comercial de tv, tão atual que chega a doer. Assim, consumir os produtos certos da "cozinha" ou "maquiagem" porque não havia muito o que escolher ia fazer com que a mulher fisgasse o partidão ou mantesse o marido interessado nela. Por que não mudou?!! Ou mudou? Então, por que não mudou para toda a gente? Regrediu? Juro que tudo que vejo é um bando de mulheres querendo fisgar homens, querendo ser predendadas como se fossem carregar um troféu. Detalhe: maquiagem agora não resolve, com a exposição dos corpos, não pode ter celulite nem estria também e não vale só saber cozinhar para ser "prenda" tem que ter um mestrado ou uma pós. Isso será porque no fundo tudo que nós queremos é casar? Isso é metafísico e vai além? vivemos para ficar paradinhas sendo admiradas, esperando o dia em que alguém passe na "loja" e leve a gente para a casa?..... ahahahha e depois de posse da gente, vai ficar por quanto tempo até colocar na estante... ou vá parar na mão de outro e aí o objeto adquire um novo significado nas mãos de outro possuidor, mas, ele - objeto - tem sua própria história (que nem diz uma amiga minha antropóloga). Já que o mundo dessas revistas era o mundo do consumo que é um mundo onde aparência é igual a essência, adicionei esse anúncio da Maizena de 1941, porque olha só, como as coisas mudam quando muda a aparência, o que não contaram para a pobrezinha é que aparência todo mundo têm.... (ou quase) mas deixa ela, o anúncio não é mesmo para fazer ninguém ver o que antes não via, é, ao contrário, para fazer enxergar o que de fato não existe.

sábado, 25 de julho de 2009

O Passeio


Não dá para ter idéia vendo daí como é bonito. Nessa exposição de peças do Museu de São Petersburgo que o CCBB trouxe tem Kandisky, Chagall e Malevich. Quem não fica mais leve quando passeia com o amado? Pintar a metáfora disse o curador sobre Chagall

O endereço http

Mulher: objeto de cama e mesa é o nome de um livro de Heloneida Studart publicado no início da década de 1970. Nesse livro, ela está chocada com o que o mundo tem feito das mulheres. Eu também fiquei chocada, quarenta anos depois e alguém acha diferença?



"Em 1970, voltei ao jornalismo, indo ser redatora de uma revista feminina. Em minha mesa, estava a pauta dos assuntos a serem editados:



como prender um homem para toda a vida;

a melhor maneira de aproveitar os vestidos do ano passado,

além do teste:

Você se considera bonita?



Enquanto isso, os norte-americanos estavam remetendo outro Apolo à Lua; os soviéticos enviavam uma sonda a Marte; dois cientistas italianos pesquisavam a possibilidade de criar bebês em provetas; o tevecassete modificava o papel da televisão nas sociedades de consumo. Sobre tudo isso, nem uma palavra na revista feminina. O tema proposto às mulheres era o de sempre:



como prender o marido para toda a vida


e quais as 10 melhores maneiras de conquistar um homem




Quem pode censurá-las se elas parecem retardadas mentais?" (Heloneida Studart)