quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Redes Sociais


Recentemente, eu ouvi de um rabino na TV que não se deve guardar segredos intelectuais. Devemos espalhar nosso conhecimento para que Deus venha e deposite um outro, maior. E você, mais vazio, é então, mais criativo, anda para a frente. De verdade, eu testei e acho que funciona e é por isso, que estou sempre escrevendo as coisas que (acho) aprendi aqui. Vamos lá, a última coisa que aprendi nesse ano foi sobre as Redes Sociais. Participei de um seminário na UFRJ que trouxe professores da UNAM (México) e UBA (Barcelona) para falar sobre as tais redes.

Vamos por partes, a prof. Larissa Lomnitz da UNAM, antropóloga, em meados dos anos 70, tinha como pergunta de sua tese, como sobrevivem os marginalizados? Toda a gente que não tinha emprego, segurança, vivia da informalidade (em torno de 30 % na época, hoje mais de 60 % da população) na Cidade do México. Lomnitz descobriu que os marginalizados sobrevivem através das redes sociais (nesse caso, horizontais). São pessoas que se conhecem que têm os mesmos recursos, as mesmas carências mas não ao mesmo tempo senão não poderiam "ajudar" os outros. Outras pesquisas da professora também caminharam no sentido de ver nas redes sociais uma ferramenta para a investigação dos fenômenos sociais. Em outra pesquisa, ela descobriu o brocker ou intermediário, que é o personagem que mantém contato com quem está acima e com quem está abaixo. No ramo das construções, ela descobriu que existe alguém da confiança do engenheiro que recruta os peões, e que estes peões também têm confiança nesse recrutador. Eles entregam seu trabalho em troca de um salário baixo e também de favores - o tal intermediário costumava ser o padrinho de todos os filhos dos peões. Esse intermediário que ganhava muito bem, não podia, entretanto, deixar o lugar pobre onde viviam todos os outros peões ou levar uma vida num estilo diverso daquele dos peões, correndo o risco de perder a confiança desses. Esse é um tipo de rede vertical. A professora lembrou também que as redes não existem na realidade, é o pesquisador que a constrói para entender melhor do assunto pesquisado.

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