
O ritual era simples: eu chegava do colégio, almoçava já no sofá e no sofá permanecia por horas assistindo TV. No começo, quando mais jovem, gostava do Chapolin, mas também assistia outras coisas que vinham depois...alguma série americana....nunca o telejornal. Na minha adolescência, o que se sobressaiu foi sem a dúvida a princesa guerreira. O arquétipo do guerreiro (a) desperta em nós aqueles sonhos esquecidos, traz à tona algo que estava escondido pelas circunstâncias (ou seja, eu sei que só tinha 15 anos, tava no culégio, e era lá meio gordinha, mas eu tb sabia que no mundo sempre houve espaço para outras histórias de outras mulheres em outros tempos, onde nada disso importava, um lugar onde não imperava o poder disciplinar da escola (Foucault), as regras de comportamento para mulheres de sociedades burguesas e o dever dos pais. No mundo da Xena, eu já poderia ser mulher, forte, livre, eu já podia ser quase eu.... ahhhh....Só para citar um professor meu que também citou alguém (filósofo): "As pessoas sofrem tanto nesses tempos modernos porque o acidente e a essência se confudem". (hã ?) Quando te perguntam quem você é? Por que é que diz sua profissão, idade, sexo, time... quando há muito mais que dizer sobre você, sobre a sua verdadeira essência? Voltando a Xena, pois é, ainda tiro inspiração de lá, eu chego do mestrado e fico no sofá... Também gostava de Witchblade, quantas e quais mulheres a gente pode ser... Ah, sem dúvida (que eu me lembre) o primeiro referencial do arquétipo do guerreiro numa figura de mulher foi a Vampira do X-Men....Ela era demais... quem tem a minha idade sabe......coitada da Jean, chata de galocha!